Diferente do idioma
português a linguagem grega extra bíblica tem um bom número de palavras para
descrever o amor. As mais importantes delas são: phileó, stergó, eraó e agapaó.
Os escritores neotestamentários utilizaram algumas destas palavras para
expressar as verdades dadas por Deus sobre amor.
Phileó aparece 25 vezes
no Novo Testamento e denota principalmente a atração de pessoas entre si,
quando estão estreitamente ligadas dentro e fora da família, expressa
preocupação, cuidado e hospitalidade, bem como amor às coisas no sentido de
"gostar de".
A palavra menos
frequente nos escritos bíblicos é "stergó", significa amar, sentir
afeição, especialmente mútuo amor entre pais e filhos. Pode-se empregar também
do amor de um povo pelo seu soberano, o amor de um deus tutelar pelo povo, e
até dos cachorros por seu dono. É muito comum para o amor entre os cônjuges, e
não ocorre em parte alguma no Novo Testamento, a não ser nos compostos "astorgos
em Rm. 1:31; Tm.3:3” e "philostorgos" em Rm. 12:10”. Acha-se no
entanto, em alguns escritos primitivos I Clemente 1:3; Policarpo 4:2.
O verbo
"eraó" e o substantivo "erós" do outro lado denotam o amor
entre o homem e a mulher que abrange o anseio, o anelo e o desejo. O deleite
dos gregos na beleza do corpo e nos desejos sensuais achava expressão aqui, na
abordagem dionisíaca à vida, e sua sensação dela. O êxtase sensual deixa muito
para trás a moderação e proporção, e os gregos conheciam o poder irresistível de Eros
- o deus do amor tinha o mesmo nome - que, no caminho do êxtase, esquecia-se de
todo o raciocínio, vontade e discrição. Havia, outrossim, um entendimento mais
místico de "erós", mediante o qual os gregos procuravam atingir, e ir
além de, todas as limitações humanas, a fim de chegarem à perfeição. Além dos
cultos de fertilidade, com suas influências orientais, e sua glorificação do
Eros gerador na natureza, havia também as religiões de mistério, cujos ritos
visavam unir o participante com a divindade. Aqui, a união espiritual e física
com o deus chegava mais e mais para o primeiro plano, por mais que se
empregassem figuras e símbolos eróticos. Platão procurou elevar o amor
espiritual acima do físico "erós", para ele, era o esforço em prol da
retidão, do autodomínio e da sabedoria; é a concretização do bem, o modo de se
atingir a imortalidade. Em Aristóteles o conceito se desenvolveu ainda mais
nesta direção, e em Plotino domina a aspiração mística para com a união
espiritual com o transcendental. No Novo Testamento o verbo "eraó" e
o substantivo "erós" não aparecem.
O verbo
"agapaó" aparece frequentemente na literatura grega de Homero em
diante, mas o substantivo "agapé" é uma construção que só aparece no
grego posterior. Foi achada uma só referência fora da bíblia: ali, a deusa Isis
recebe o título de "agapé".
"Agapaó" é
frequentemente uma palavra descolorida em grego, e aparece com frequência como
alternativa para, ou sinônimo com, "eraó" e "phileó", com o
significado de gostar de, tratar com respeito, estar contente com e dar as boas
vindas.
Quando, em raras
ocasiões, se refere a alguém que foi favorecido por um deus, fica claro que,
diferentemente de "eraó", não se refere ao anseio humano por posses
ou valores, mas sim, uma iniciativa generosa de uma pessoa por amor à outra.
Tal fato se expressa, sobretudo no modo que se emprega "agapétos", normalmente
a respeito de uma criança, mas especialmente quando se trata de um filho único
ao qual se dá todo o amor dos pais.
No Novo Testamento, o
amor é uma das ideias centrais que expressam o conteúdo total da fé cristã. Uma
das atividades de Deus é o amor. Em diversos momentos, é possível observar Deus
no texto bíblico demonstrando amor por seus eleitos. O amor de Deus, acima de
tudo, é o seu amor por si mesmo, sua glória, e sua santidade. O texto de 1 João
4:16 indica isso quando nos diz que Deus é amor. Em si mesmo como Pai, Filho e
Espírito Santo, Deus é o epítome de todo amor. Para ser um Deus de amor, ele
não precisa de nós, nem é a sua glória como o Deus de amor incompleta sem nós.
De eternidade a eternidade ele é amor, em e de si mesmo, na Trindade.
Já o termo grego "stergó"
ocorre no Novo Testamento somente em Rm. 12:10, no composto
"philostorgos", que significa, amando cordialmente, numa expressão na
qual Paulo ressalta a necessidade por amor na igreja, por meio de amontoar
palavras para amor: " té philadelphia eis allélous philostorgoi -
dedicados uns aos outros em amor fraternal”. Em Rm 1:31; 2Tm 3:3 no composto
"artorgos", sem coração, desumano, sem afeição natural. Como
ilustração de semelhante falta de afeição natural da família.
"Phileó", do outro lado, aparece comumente, embora também apareça em
palavras compostas. Em todos os casos, no entanto, permanece uma palavra mais
limitada e descolorida. Um exemplo típico seria "philadelphia", amor
por um amigo ou irmão. A ênfase principal de "phileó”; é o amor por
pessoas que tem vínculos estreitos, ou de sangue ou de religião.
Quando a Bíblia trata
sobre relacionamento entre casais, não fala do amor "erós", que busca
apenas a satisfação pessoal, deleite na beleza do corpo e nos desejos sensuais,
pelo contrário, a Escritura aponta para o amor como mandamento da mesma maneira
que Jesus nos ensina (Mateus 22,36-40).
Mesmo não direcionando
o texto bíblico para o amor entre homem e mulher, o apóstolo Paulo na segunda
carta à igreja de Coríntios, descreve as qualidades do amor (ágape).
O amor é paciente, é
benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria; não se ensoberbece. Não
se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não
suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre;
tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
A paciência do amor
denota a ideia de lentidão para irar-se, e não se ofende ante o primeiro
insulto. É o contrário da impaciência, que está sempre preparada para tirar
vingança. A benignidade traz a ideia de realizar feitos específicos de bondade
em favor do amado (a). O amor não tem inveja. A palavra traduzida por inveja no
original é "dzeloo", que denota ideia de ser ciumento, a melhor
tradução seria: "o amor não é ciumento", ou seja, o verdadeiro amor
não traz sentimento de posse, não é composto de um misto de desconforto e raiva
e atormentam aquele que cobiça algo somente pra si.
O amor não se vangloria: Pode-se aludir à palavra vangloria que denota exibição intelectual ao exibicionismo retórico. O amor não exalta a si mesmo para degradar aos outros, não se ostenta, nem daquilo que possui como aquilo que lhe é natural. O amor não se ensoberbece; O amor impede a pessoa de inflar-se com o senso de sua própria importância, o amor não se mostra altivo. Não se porta com indecência; O amor não se comporta sem boas maneiras. O amor jamais age fora de lugar ou contrariamente ao seu caráter, mas observa o verdadeiro decoro e as boas maneiras. Não busca os seus interesses; O amor não busca seu próprio aprazimento, seu prazer, sua própria reputação, sua própria bem-aventurança, porquanto, nada busca que queira apenas para si mesmo. Não se irrita; O amor não perde a compostura em vista das ameaças aos seus direitos. Não se amargura ante as ofensas, reais ou imaginárias. Não suspeita mal; não encontra o mal onde o mal não existe, ou seja, não imagina o mal em face de pequenas indicações, que se alicerçam em pequenos indícios observados, em informações insuficientes que tenham recebido. Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; O amor jamais se rejubila quando outros cometem a maldade, também não se regozija com a queda alheia, não se regozija com a fraqueza de outros, a fim de exaltar-se em sua própria suposta retidão, pelo contrário, o amor encontra sua plena satisfação na verdade, o amor se alegra ante o triunfo do bem, e onde quer que esse triunfo se possa encontrar.
Neste ponto, podemos observar os quatro “tudos” do amor.
Tudo sofre; O amor
lança um véu sobre os pecados e as fraquezas
dos outros, suportando-os, pois é blindado.
Tudo crê; Essas
palavras não significam que o amante deva ser crédulo, a ponto de ser enganado
por qualquer charlatão. No entanto, o amor acredita no lado melhor das pessoas
e não procura expandir os seus defeitos.
Tudo espera; O amor vê
o lado brilhante das coisas, não se desespera, tem esperança inundado de
confiança.
Tudo suporta; o termo
suporta faz alusão a formas de tribulações, o amor suporta todo tipo de
sofrimento, o amor é como uma madeira madura, nunca cede diante das
tribulações.
Utilizando a mesma
palavra “ágape” que vem carregada com todas as qualidades descritas acima, o
Apóstolo instrui a relação de homem e mulher dentro do casamento (Ef. 5:25-33 -
Cl 3:19), este exemplo deve ser levado para o namoro cristão (pois um cristão
deve apenas namorar com a pessoa que deseja casar-se) e noivado. Todo
relacionamento entre homem e mulher deve ser inundado desde amor descrito por
Paulo.
Que o Senhor nos ajude
a ter este amor “ágape” dentro dos nossos relacionamentos.
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